Não é raro vermos a notícia de que algum jovem se envolveu em acidentes de trânsito. Segundo um relatório da seguradora DPVAT, 49% das vítimas de acidentes ocorridos no primeiro semestre de 2017 eram pessoas entre 19 e 34 anos, sendo que 58% delas estavam conduzindo.
O que a pesquisa realizada pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier mostrou, porém, é que as ocorrências podem ter a contribuição de uma doença na córnea que atinge cerca de 100 mil brasileiros e que costuma se desenvolver durante a adolescência, o ceratocone.
Causando uma deformação na córnea, a doença é responsável por 7 a cada 10 transplantes de córnea feitos no país, e, segundo a pesquisa, atrapalha a direção para cada 1 em 5 dos 315 participantes. 1 em cada 8 colaboradores também disseram que não conseguem conduzir à noite graças ao ceratocone, que também impede completamente 1 em cada 8 de dirigir.
A maior chance de ocorrerem acidentes de trânsito acontece porque a deformação dificulta o foco tanto em imagens próximas quanto distantes e a leitura de placas de sinalização, além de aumentar a fadiga visual, causar fotofobia e a formação de halos ao redor de focos de luz, o que acaba causando um ofuscamento pelos faróis.
O problema se agrava ainda mais porque o uso de óculos costuma não ser de grande ajuda para portadores da doença, que precisam se adaptar ao uso de lentes de contato rígidas, que aplanam a córnea e conseguem oferecer melhor qualidade de visão. A falta de informação sobre a doença e o acesso restrito a tratamentos mais eficazes como cirurgias colabora para que o número de acidentes permaneça elevado.