Ainda pouco conhecida no Brasil, a Síndrome de Irlen (S.I.) é uma dificuldade relacionada à manutenção da atenção, compreensão e memorização da atividade ocular durante a leitura que afeta diretamente nas relações sociais dos pacientes, pois cria um déficit de aprendizado.
Seu diagnóstico pode ser um pouco complexo pela similaridade dos sintomas com outros problemas, como o TDAH ou dislexia. É importante atrelar os resultados dos exames oftalmológicos com uma avaliação psicológica e pedagógica, para saber qual o tratamento mais adequado. Conheça mais a seguir:
A Síndrome de Irlen
A síndrome leva o nome da Dra. Helen Irlen, psicóloga americana responsável pela descoberta e estudos internacionais do assunto, mas também é conhecida como Síndrome da Sensibilidade Escotópica. É caracterizada pela alteração da visão, em que letras parecem estar se movendo, desaparecendo ou vibrando, além da dificuldade de focar em palavras, dores nos olhos, sensibilidade à luz e a dificuldade de identificar objetos tridimensionais.
Isso atrapalha diretamente o desempenho escolar e atividades cotidianas dos pacientes afetados. Segundo dados do Hospital de olhos de Minas Gerais, de 2015, a prevalência da S.I. é maior do que a dislexia, sendo 4 para cada 10 crianças. É importante ressaltar que aqueles que sofrem de S.I. enxergam vem e não percebem que possuem alterações e distorções na visão – e muitas vezes, ao serem encaminhadas para o oftalmologista, terão uma avaliação considerada “normal”, ainda mais por ser pouco difundida no país. No entanto, nos Estados Unidos e Europa já existem Centros de Tratamento e Diagnósticos há mais de 25 anos.
Causas da Síndrome de Irlen
Sua causa é uma sensibilidade extrema a certas ondas de luz, provocando distorções ou perda de foco em materiais de leitura e escrita, além de gráficos e mapas. A Síndrome de Irlen não é o sinônimo de fotofobia, ou sensibilidade aumentada – porém pode ser erroneamente confundida como tal. Além disso, esta é uma síndrome hereditária e genética, que pode ser passada de pais para filhos.
Os sintomas
Os sintomas da Síndrome de Irlen normalmente surgem quando a pessoa é submetida a estímulos visuais ou luminosos, e é mais frequentemente encontrada em crianças no início de sua vida escolar. No entanto, é uma Síndrome que afeta pessoas de todas as idades e está relacionada à desorganização no cérebro, das informações recebidas pelo sistema visual.
Entre os principais sintomas, estão:
- Fotofobia;
- Intolerância ao fundo branco de uma folha de papel;
- Sensação de desfoque da visão;
- Dificuldade de distinguir duas letras, ou para focar em um grupo de palavras;
- Sensação de que as letras estão se mexendo, vibrando ou desaparecendo;
- Dificuldade para identificar objetos tridimensionais;
- Dores nos olhos;
- Cansaço excessivo;
- Dores de cabeça e enjoos após realizar atividades como escrita ou leitura.
Pessoas com Irlen também podem ter dificuldades de realizar atividades simples do dia a dia, como subir escadas ou praticar esportes, por exemplo.
O diagnóstico
Como é possível notar, os sintomas podem trazer baixo desempenho escolar para as crianças, devido à dificuldade de enxergar, falta de concentração e compreensão. O diagnóstico pode ser complexo, uma vez que os portadores podem apresentar hiperatividade ou irritabilidade ao tentar realizar uma atividade – e serem erroneamente diagnosticados com dislexia, déficit de atenção, hiperatividade, entre outros.
O tratamento da Síndrome de Irlen
O tratamento é estabelecido após avaliações educacionais, psicológicas e oftalmológicas. Isso porque a maior parte dos casos são identificados durante a vida escolar, quando a criança apresenta dificuldades de aprendizado e baixo desempenho nos estudos. Porém, os sintomas não são exclusivos da Síndrome, e podem estar relacionados com outros problemas de visão, dislexia ou deficiências nutricionais, por exemplo.
Após a avaliação do oftalmologista e confirmação do diagnóstico, o médico vai indicar a melhor forma de tratamento, que varia de acordo com os sintomas. Como a síndrome se manifestar de formas diferentes, seu tratamento também depende de cada caso. Também são realizadas intervenções psicopedagógicas e médicas para preparar a pessoa para lidar com dua diferença.
Alguns médicos indicam o uso de filtros coloridos (em formas de transparência de acetato coloridas ou lentes coloridas especiais) para que a pessoa não sinta desconforto visual quando exposta à luminosidade e contrastes – são chamados de overlay. Esses filtros são colocados sobre o texto ou em frente à tela do computador, filtrando o excesso de luz e permitindo que seja possível enxergar normalmente.
Porém, é muito importante checar com o médico oftalmologista qual é o tratamento mais indicado é que o portador da Síndrome de Irlen seja acompanhado por profissionais, evite ambientes luminosos em excesso e faça atividades que estimulem a visão e a concentração.
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